quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Tenho tentado escrever com regularidade, como se fosse uma profissão. Estou faturando alto, ganahndo fortunas inestimáveis numericamente, pois não há o que pague a diversão contida na prospecção do insólito e do pitoresco para contar depois...

Um amigo (http://www.marcio.reiff.blog.uol.com.br) faz isso para depois transformar em humor. Ou transcrever o que já é hilário na origem, como quase tudo na vida...

Arrebatamento ou "All we need is love"

A primeira etapa da gincana foi deixar os meninos na escola. Nem reclamei da música, ouvindo Iron Maiden acho que dirijo mais rápido. Tem lógica, assim eu me livro do barulho o quanto antes. Enfim eles ficaram na porta do colégio e eu tomei meu rumo.

Na esquina, um flagrante. Dois alunos iam acabar perdendo a primeira aula, afinal um abraço daqueles, demorado e já eram 7 e 20 em ponto...Meu primeiro impulso foi ver se o casal ou um dos dois era alguém conhecido dos meninos. Não consegui identificar, se fosse paparazzo morria de fome... Observando melhor a cena, acabei por acreditar que não seria a primeira aula apenas a perdida. Não que fosse um casalzinho de adolescentes irresponsáveis, com certeza eles até seguiram para o colégio. Mas...que professor conseguiria 5 segundos de atenção depois de um abraço daqueles? Se decorridas quase doze horas e eu estou aqui escrevendo sobre ele, quanto de arrebatamento não perdurou naquelas jovens almas minutos depois?

Há mestre compreensivos, sabemos. Daqueles que ao menos perdoam quando sabem que tem um aluno apaixonado na sala. Mas não basta. Há que se inserir no Estatuto da Criança e do Adolescente o capítulo que trata da Licença Paixão. O difícil é estabelecer por quanto tempo... Mas que seja um ou dois dias letivos na vida inteira, já basta. Para que curtam, que sejam legalmente perdoados uma ou duas vezes na vida pela impossibilidade de se concentrar na aula. E não venham pais e educadores dizerem que é bobagem. Não venham ou porque já passaram por isso ou porque, se não passaram, deveriam esconder até de suas sombras esta triste ausência em suas vidas ...E sorte de quem, com mais de 30, pai ou mãe de adolescente, já teve o delirante desejo de ligar para o trabalho de dizer "hoje não vou, Chefe! Tenho que ficar aqui com meu marido (ou namorado, ou esposa, ou namorada...). Não, não, ninguém está doente graças a Deus, mas hoje eu vou usar a minha Licença Paixão. Tenho uma na vida para usar antes de me aposentar e decidi que é hoje. Até amanhã e pode deixar que o relatório vai estar prontinho e completo, Chefe!"