quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

"Então é Natal! E o que você fez?!"

Confesso que ao contrário da maioria das pessoas, eu não sou aquela que mais curte Natal, que mal começou dezembro está de gorro vermelho, cantarolando "bate o sino, pequenino..." Já tentei resolver no divã da terapeuta, em tempos em que isso me incomodava mais - eu queria pegar um avião para onde não se comemorasse o Natal. Não sei se porque na época questões maiores deveriam ser resolvidas, a terapeuta de então nem ligou muito para minha bronca da data, mas o fato é que ela foi oscilando com o decorrer do tempo, entre suportar e gostar, conforme o que acontecera a cada ano. Talvez o Natal dos meus 10 anos tenha sido o primeiro em que as nozes estavam rançosas, os velhinhos vestidos de Papai Noel nas lojas não pareciam ter nada de bom por detrás daquelas barbas postiças descolando, aquelas luzinhas estavam mais para festa junina, verde e vermelho formava uma combinação de cores ridícula e os parentes comentando como eu havia crescido pareciam um bando de idiotas dizendo todos a mesma coisa. Uma grande desavença entre membros da família certamente explica esse desencanto, que se aplicava não só aos festejos natalinos. O tempo passou e as desavenças cicatrizaram, vieram sobrinhos, vieram filhos e nada como crianças para resgatar a alegria em qualquer momento, especialmente num momento cheio de comidas gostosas e muitos presentes! E não é que quem trouxe de volta um pouco da graça do Natal foi exatamente o Papai Noel? Um exemplar desses espalhados por aí exercia suas funções num shopping que eu costumava freqüentar com meus filhos, quando bem pequenos. Como eram espertos o suficiente para não se convencerem com um arremedo de bom velhinho, fui conferir previamente como era a figura a quem meus meninos confiariam seus desejos. A caracterização era bem razoável, mas melhor ainda era a maneira como ele interagia com sua "clientela". E longe de qualquer criança, aproveitou para comentar que o dia de Natal nem havia chegado e ele já havia atendido a um pedido. Contou orgulhoso que um rapaz de seus 20 e poucos anos se dirigira a ele perguntando se ele realmente estava disposto a dar o presente que ele queria, ou melhor, precisava. Ele disse que sim e imagino que deva ter dito isso de forma convincente ao rapaz, pois seus olhos brilhavam ao contar o feito. E foi assim que o Papai Noel contratado pelo shopping precisou providenciar uma nota razoável numa prova final, de uma matéria difícil da faculdade que o rapaz cursava - e não havia loja ali que pudesse patrocinar nem parte desse presente. Ao contrario do que recomendava às crianças, o bom não tão velhinho assim não disse ao moço que obedecesse os pais ou comesse verduras, mas já que o presente era muito importante pediu a ele para colaborar - que fosse para casa e estudasse com vontade, que Papai Noel ia trazer a nota necessária. Passados alguns dias o aluno, finalmente aprovado, voltou ao shopping para agradecer o presente. Aprendi então que vale a magia da ilusão, que a sua crença em alguma coisa, especialmente em você e naquilo que você quer faz materializar seus desejos. Mas que mesmo sendo preciso acreditar, só isso não basta. Há que se buscar, que fazer de forma bem feita a sua parte - sendo uma boa menina ou trabalhando para o que se quer - aí o Papai Noel traz o que a gente pediu! Aí é bom ouvir falar em muitos presentes, de Natal, daqueles que vão para baixo da árvore ou daqueles que enchem nossas vidas de alegria.