sábado, 7 de março de 2015

Venci você, 2014. Alguma coisa eu devo ter aprendido, se era isso que você queria.

Sempre ouvi dizer que não se deve menosprezar o adversário.
 Eis porque, esperei acabar 2014 para dizer que o venci.Vai que até o último minuto  ele aprontasse mais alguma...E dito e feito, faltando 48 horas para acabar, decidiu (não, não foi 2014 quem decidiu, mas aceitou ter nos seus registros) encerrar de forma serena, durante o repouso, os 94 anos do meu sogro, Chicralla Haidar. 
Aconteceu muita coisa, mas não vou falar demais. Esse foi um dos aprendizados melhores, aliás. Falar muito sobre esse muito pra que?
Cheguei aos 50 sem maiores problemas. Ao contrário, curti muito a passagem. Fiquei loira e comemorei com gente querida por perto, é isso que conta.
Senti angústia, me senti paralisada, comecei a fazer análise.
Comecei a aprender a não deixar mágoas passarem batido. Reclamei a atenção que eu queria, encompridei as conversas sem medo, para chegar onde eu queria. Dói escancarar o coração. Ainda não descobri porque, nem por que tem que escancarar se está tão aberto, tão próximo. É por isso mesmo?
Perdi o Pipo, meu cachorro. Sensação de culpa, de incompetência. Ou incapacidade de aceitar os desígnios da natureza?  Uma pela outra, o que ficou foi amargor. 
Dois dias depois do Pipo, vivi a emoção mais limite da minha vida, ver meu marido enfartar. Entendi o que é abismo e como assusta. Consegui manter a calma e vê-lo felizmente se recuperar. Parar de fumar, obrigada meu Deus. 
Achei que era tudo por aquele ano, para mim já era suficiente. Não, Tinha mais... Vi um filho levar um tombo (anunciado!) da vida e se redimir, crescer, amadurecer.  Vi o outro filho cair doente, uma semana internado, dor, rosto disforme, medo de afetar a visão, morfina e sair do hospital curado, ligando para os parceiros, agitando novos trabalhos. A melhor corrida de táxi por São Paulo da minha vida. 
Com tudo isso a vida não parou, fiquei ao sabor do vento até que o furacão da vida me engoliu. Estou levantando aos poucos. 
Da Copa lembro pouco, o enfarte do marido foi antes dos 7 a 1. Lembro que a abertura foi no dia dos Namorados e quase deletei o Brasil e Colômbia, que antecedeu o cateterismo, a UTI, a transferência para São Paulo, os 2 stents, a glicemia que não abaixava...
O peso de tudo começou a me envergar. A coluna mostrou que tem limites. Passei dor, dificuldade de locomoção, sensação de não dar conta da vida. Mas lembrei que um dos meninos disse quando pequeno, depois de me ver levar dois tombos, que eu sou resistente. E fui que fui.
Mais alguns aborrecimentos, mais raio-x, mais antiinflamatórios, analgésicos e encerrei o ano num porre de champagne, na praia. E voltamos, Ricky Coração Reformado e eu, de mãos dadas, metade a pé, metade de lotação para casa, trançando as pernas, rindo e zombando do 2014 que foi embora. Ele foi, nós ficamos. Há, há, há, rimos por último! Só Deus sabe como e graças a Ele. Infinitas graças a Deus! E que continue como vai se apresentando 2015,  ano da sobrevivência ao ano que passou, ao poder que se firmou, à crise que se instala...Que venga! Se não nos matou, 2014 nos fez mais fortes, mais bravos, mais tolerantes. Tomara que mais sábios. Isso só muito mais tempo para poder dizer. Primeiro vamos ver como acabamos 2015...