segunda-feira, 14 de abril de 2014

Rapazes, com licença, precisamos sentar um pouquinho.

Na rotina, a gente se acostuma a dar conta de tudo. Pilota quase todas as situações, às vezes no automático.

Convencemos quase todo mundo que fomos feitas  à imagem e semelhança da Mulher Maravilha. Afinal Eva foi absolutamente amadora em se deixar levar pela serpente e criou para nós um monte de problemas. E a Branca de Neve e suas parceiras tentaram nos fazer acreditar que os príncipes eram o máximo, mas não conseguiram. O jeito foi tentar se espelhar numa super heroína. Preferimos quase sempre ser guerreiras do que choronas.

Depois, passamos um tempão convencendo os homens que não somos menos nada que eles. Já admitimos que talvez tenhamos menos força física, menos objetividade. Mas podemos muitas coisas que eles podem.

O que acabou acontecendo é que ficou difícil, às vezes. Pouca gente  lembra que as nossas capas vão para a lavanderia de vez em quando. Ninguém percebe que às vezes temos que fazer muita pose para não borrar a maquiagem dos olhos.

Muitas de nós fizemos um esforço grande para aprender a falar diretamente o que queremos, para facilitar as coisas. E aí ganhamos a pecha de chatas, reclamonas. Era melhor continuar dando indiretas?  Responder "nada", quando perguntavam "o que aconteceu?"

Continuamos gostando de gentilezas, flores, lugares cedidos, colo. De sentir uma pequeno constrangimento quando riem das nossas raras e permitidas lágrimas, incrédulos porque podemos chorar por uma bobagem.

Adoramos cuidar de todo mundo, de nos preocupar com vários lados das questões, de fazer muitas coisas ao mesmo tempo e não concluir nenhuma, mas ter a sensação de ter encaminhado pelo menos a metade. Amanhã a gente acorda mais cedo e deixa tudo pronto, e acorda e deixa mesmo.

Gostaríamos de lembrar, entretanto, que paparicos e dengos são parte importante do nosso combustível. Não precisa ser uma dose grande, nada cinematográfico, pirotécnico. Às vezes até só um pouco de reconhecimento, um décimo de retribuição.

Não é preciso nos entender, isso sabemos que é difícil. Mas desconfiem de vez em quando de tanta força, de tanta disposição. Pensem em nos mandar (nessa hora podem mandar, sim) sentar e ir buscar um suco de maracujá, para que a TPM seja palatável para todos nós. De vez em quando, pelo menos.