Muitos amigos elogiam minha memória. De fato, lembro de fatos, detalhes, situações que muita gente nem acredita. Sinceramente, lembro de muitas coisas inúteis, mas enquanto estou razoavelmente lembrada das úteis , não estou muito preocupada.
É verdade que as primulas naquele olho mágico foram determinantes no futuro da minha vida. Não foram um mero detalhe - acho que foram um acontecimento! É obvio que vou lembrar delas para o resto da vida.
O ritual já estava mais ou menos definido - após o jantar, tanto o da minha casa, quanto da dele, ele vinha. Beijo de boas vindas na chegada, abraço e sempre uma felicidade no coração. Sempre fiz questão de correr para abrir a porta, sempre sabia que era ele (depois de algum tempo o porteiro já nem tocava mais o interfone - a partir de quando isso ocorreu, essa data me escapou!) mas sempre olhava no olho mágico. Acho que sentia um secreto privilégio - de vê-lo primeiro, saber qual a roupa, qual a cara - as vezes uma careta de brincadeira, pois ele sabia que eu que abria a porta. Tanto que quando tinha alguma surpresa, tampava com o dedo a lente do visor.
Mas no dia das prímulas, as duas mãos ocupadas segurando o vaso, a singeleza e o coração aberto de quem traz flores, nem o fizeram tampar minha visão. E foi naquele momento que eu tive certeza de várias coisas. Eu contara na agenda, aquele ritual tão diário quanto a rotina permitia completva então seu trigésimo dia. "Ele lembrou!', pensei feliz. Então é sério? Acho que sim.
E outros dias 26 foram passando, uns com presentes, uns com flores, uns com bombons, uns com comemoração, outros só com telefonema. Mas parece que quando eu o vi com um vaso de primulas na mão, depois de um mês de namoro, eu consegui antever que muita alegria, muito amor, carinho, parceria, compreensão viriam. E vieram, trouxeram mais duas pessoas iluminadas que são os nossos filhos e, sinto que muitos beijos, abraços, carinhos, amor, felicidade, alegria, flores, presentes, comemorações, bombons (agora diet!) ainda acontecem e devem acontecer. Agradeci no dia, era então 26 de agosto de 1985 e hoje continuo lembrando, agradecendo e curtindo as primulas que meu amor me trouxe. Ricky, amo você!
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